terça-feira, 1 de julho de 2014

Capítulo 11 (Part.1) - Marcas

Eu tinha começado a levar uma vida mais vazia que a habitual, afinal tinha passado por duas situações extremas, não queria mais ficar com ninguém tão cedo, embora uma vez outra pudesse sair com alguns amigos para beber a noite toda.

Em um final de semana chamei uma amiga para ir a minha casa, só que sem aviso ela acabou levando outro "convidado", o sujeito a primeira impressão me pareceu ser muito fechado, ele quase não sorria com a conversa, nem mostrava grande interesse pelos assuntos.


Estaria paralisado diante de nós, era isso? Não sei, porém o fato começou a me fazer achar que eu era entediante diante dele.

A conversa a "três" acabou mais cedo quando a minha amiga precisou sair após um telefonema, porém o homem continuo na minha casa a pedido dessa amiga que alegou que seria bom que pudéssemos nos conhecer.

Eu ofereci a ele uma bebida,  na esperança de puxar assunto, mas ele parecia não reagir a mim e aquilo me deixou muito irritada "quem ignora alguém como eu?".

- Então?... Algum tipo de gato comeu a sua língua? - Comentei rindo.
- Hã? Desculpa fiquei calado por muito tempo, né? Estava pensando só nas coisas que falam a seu respeito - Ele disse desprendido. 
- E que tipo de coisas seriam essas? - Eu sorri parecendo debochar.
- Você deve saber, uma fama como a que tem entre seus amigos é algo difícil de se ignorar - Ele bebeu o uísque e agitou as pedras de gelo no copo.
- Se você veio até aqui só para debochar, a porta da rua é a serventia da casa - Os tons foram tão naturai que ele percebeu que mesmo a frase sendo tendenciosamente agressiva, eu era difícil de afetar.

Cruzei os braços diante dele, olhando ele sentando com o corpo esticado para frente.

- Não estava aqui para debochar, só para ver se você parecia tudo isso que tanto me diziam - Ele deixou o copo na mesa, se levantou.

E essa foi minha primeira conversa com meu futuro marido, um tanto cômico, não? Pior que o habito de me tratar friamente foi a motivação da minha curiosidade, mas vai entender mulher quando sisma com alguma coisa.

Um tempo depois consegui o que queria, encantá-lo e não demorou para ficamos pela primeira vez, começamos a namorar e nós casamos. 

Minha intenção ficando com ele era afastar as coisas ruins, quem sabe meu coração não se aquecia mais uma vez. Mal eu sabia que tinha sido meu pior erro e que a pessoa que fiz meus votos era alguém tão egoísta e imprevisível.

Com o tempo a graça do nosso relacionamento foi acabando, primeiro com as traições, depois com as agressões verbais, seguidas das  agressões físicas. Todo dia praticamente Kai arrumava um meio de me fazer mal, mesmo quando não era essa a intenção inicial e a gota d'água da nossa situação também foi uma discussão onde o MAD era constantemente citado.

- Você quer falar dele de novo?! - Brandou o homem impaciente.
- E seu quiser falar? O que vai fazer? - Usei toda minha arrogância nas palavras.
- Bem que me falaram que você era uma prostituta de luxo, só nunca imaginem que precisava casar com você para confirmar sua vulgaridade, e essa sua falta de vergonha na cara - Ele rio debochando como se soubesse o que fazer para machucar.
- Você nunca vai ser como ele.. - Repliquei com um sorriso nos lábios, porque não precisava mais do que aquela frase para ferir o orgulho dele, aquilo faria ele entender que ele podia dizer o que queria, ainda assim eu iria conseguir ganhar das palavras cruéis.
- Eu fui burro casando com você, ele não, seu "eterno amor" que foi esperto, porque sabia que você era uma vadia imunda que iria com qualquer um para cama! - A proporção nas palavras dele era mais ofensivas que geralmente soavam naquelas situações.
- A única pessoa que esta arrependida com esse casamento de verdade sou eu! Eu fui idiota ao me interessar por alguém tão vazio. Agora pare de falar coisas que não entende sobre mim- Quase gritei pela irritação que ele me causou, não queria mais falar daquilo.
- O ponto não sou eu! Ayu, desde que você me conta suas histórias, o ponto mais importante sempre foi esse MAD, depois foi Malice e suas desconfianças confiança. Parabéns, você sabe como seduzir os outros, mas sempre você menospreza os sentimentos das pessoas como você fez com a Malice - A voz dele estava alterada.
- Cala a boca!! - Gritei com ele.
- Toquei no ponto sensível né? - Ele ficou satisfeito me olhando por ter me ferido.
- Você nunca vai ser igual a Malice, muito menos igual ao MAD, nunca vai poder substituir nenhum deles, porque você é uma pessoa egoísta, tenho nojo de você! Nojo de ter que dormir com alguém que só enxerga os próprios interesses - Estava ficando completamente alterada, as palavras que tanto pensava e que nunca conseguia dizer simplesmente escapavam.

Com um único movimento cai desorientada com a face virada sobre a cama, demorou até que entendesse que ele tinha me dado um tapa, na verdade a agressão não doeu tanto como perder meu próprio orgulho diante de uma impotência física. Quis me levantar para revidar a agressão, mas ele era mais rápido e mais forte, não apenas com palavras feria meu coração, mas com as mãos e boca que machucava o meu corpo.

- Grita... Vamos ver se alguém aparece, Malice, MAD ou seu amante querido Aaron.
Ayu, ninguém vai aparecer sabe por quê? Porque você foi feita para ser descartada - A satisfação se estampou com as palavras.
- Por favor, pare de me machucar - Esperneava para me soltar enquanto as lágrimas escorriam.
Meu corpo estava tremendo cada vez mais, e eu sofria sem conseguir reagir. A cada nova marca deixada gritos eram emitidos de forma desesperada, e mas do que feridas sobre a pele, haviam buraco que não podiam simplesmente se fechar de uma hora para outra.

Ao terminar de me agredir e violentar, Kai saiu pela porta sem ao menos olhar uma única vez para mim.

Minutos após a saída, consegui rolar meu corpo e liguei para o primeiro número da lista.

- Oi, Tudo bem? - Se apressou a dizer alegre uma voz do outro lado da linha.
- Por favor... - Supliquei sem conseguir explicar o que se passava.
- O que aconteceu com você? - A voz ficou exaltada ao perceber o tom da minha voz.
- Venha aqui em casa... - Foi o que conseguir dizer em poucos minutos e cair em profundo choro.

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