quinta-feira, 3 de julho de 2014

Capítulo 13 - Papel adesivo

Sabe quando tudo acontece para algo dar errado? Acho que isso define a situação que passei com Aaron.

Teve um tempo em que considerei ficar seriamente com Aaron, contudo não aconteceu, porque ele ficou irritado comigo e aquela conversa tomou uma proporção muito séria que quase afetou a nossa própria amizade.

- É tarde agora para voltar atrás - A voz parecia não ter uma única emoção.
- Você está desistindo por que exatamente? Porque você que não confia em mim ou é porque feri o seu orgulho te rejeitando naquele dia? - Não estava magoada, só surpresa porque o orgulho dele parecia maior que o meu.
- Eu não dou mais de uma chance para ninguém... Eu  tentei com você... Abri meu coração uma única vez e o que você fez com meus sentimentos? - A cada fala as palavras estavam mais secas.
- Sim, eu te rejeitei, só que foi porque estava ressentida, e naquela época era diferente, não podia esquecer da sua dureza comigo... Da maneira como você olhava para mim dizendo que eu estava errada.
Aaron seja justo comigo, você cansou de me empurrava para outras pessoas. Então? Nunca parou para pensar que minhas atitudes sempre foram assim porque afetivamente eu sou alguém muito frágil? - A explicação saia um pouco triste, já que havia muitas lembranças na minha cabeça.
- Ayu, vamos parar de nós enganar. Eu te amei muito a muito tempo atrás, mas eu sei que até hoje só existiu uma única pessoa na sua vida que conseguiu amar... Eu sei disso, te testei esqueceu?... - Existia uma frieza sobre o seu olhar, não era raiva, mas era como se aquilo o tivesse afetado.
- Sim, talvez você esteja certo, mas nunca poderia colocar em primeiro no seu coração alguém que também sempre me tratou como uma segunda opção -  Desabafei.
- Talvez seja assim que as coisas devem ser... Não podemos ficar juntos, melhor a gente não se ver por um tempo - Ele pediu.

Aaron se afastou de mim e não havia mais nenhum sentimento que nos mantivesse ligados, então pensamentos de tudo que aconteceu na minha vida me fizeram cair em depressão, eu estava condenada a viver o inferno da solidão. 

Foi questão de dias para que não pudesse mais comer ou dormir, eram dias de tensos apenas em que chorava sem parar e fiquei muito doente... Uma doença que estava cravada muito além do físico, mas que tinha penetrado em meu coração me fazendo morrer aos poucos.

Durante uma noite acabei por ter uma febre muito intensa que me levou a delirar, as imagens eram todas embaçadas e misturadas. Eu estava correndo em direção a uma costa, não sabia quem era a pessoa, estava muito confuso pela imagem, mas quando caia a pessoa não se virava para mim.

Quando acordei estava em um hospital e alguém segurava a minha mão.

-  Kiyo.. Onde eu estou? - Disse ao abrir os olhos.
- Você teve uma febre alta e tive que te trazer para cá... Está no hospital agora - Ele continuou segurando a minha mão.
- Você... - Queria me lembrar como o Kiyo poderia ter ido lá para casa.
- Esqueceu que me convidou para ir beber? - Ele sorrio como se fosse algo que não pudesse se esquecer.
- Quebrei outra promessa com você, sinto muito - Disse com certo arrependimento.
- Apenas fique bem, não me importo com o resto - A expressão foi sincera.

A cabeça balançou duas vezes, então como se ele estivesse lendo a minha mente me perguntou.

- Ainda está magoada, não é? O que exatamente esta te assustando? - Ele afagou a minha cabeça.
- Medo... De ficar sozinha de novo - Olhei para ele com uma expressão de imenso sofrimento.

Não sei o que houve comigo depois disso, olhei para ele de um jeito tão penetrante que imaginei que estava analisando ele por dentro sem um equipamento de raio X. O meu olhar foi retribuído e imaginei como foi encontrá-lo e ter a esperança de ter alguém que aparentemente parecia me amar.

- Kiyo... Você desde que me conhece, sempre tem sido amável, por quê? - Perguntei confusa.
- Não sei, só que quando eu olho nos seus olhos alguma coisa se mexe, eu sei que não quero te deixar sozinha - Respondeu ele com a voz pausada.
- Kiyo... Mori... Você é ... - Minha voz foi ficando mais baixa, um pequeno impulso de a proximidade me fez tocar sobre os lábios dele com o meu. Senti que estava quebrando por dentro, o desespero me mataria se não sentisse que era amada por alguém.

Meu relacionamento com o Kiyo no começo era cheio de coisas fofas, mesmo que meu sentimento por ele precisasse ser trabalhado.

Talvez com esse rapaz eu tenha cometido minhas piores atrocidade, sim! A culpa da mudança do Kiyo foi por minha causa, eu usei os seus sentimentos para não ficar sozinha, porque tinha medo de ser alguém mais superficial do que já era... Mas a minha superficialidade natural foi o que acabou tornando nosso relacionamento algo mais sexual que afetivo, que por muitas vezes me levou a acordar no meio da noite.


- O que você esta fazendo a essa hora? - Disse quando sentia a mão dele entrando na minha roupa.
- Pode voltar a dormir, não vai levar muito tempo... - Ele sorria um tanto perturbado.

As inúmeras vezes que aquela situação ocorreu me incomodou, elas coincidiram com a descoberta que ele estava começando a me trair com outra mulher.

Eu conhecia a garota, porque ela tinha uma obsessão por mim, então como vingança por não levá-la a serio toda vez que eles dormiam juntos ela me ligava, me contava tudo que acontecia como uma provocação e o desconforto cresceu.

- Chega!! Eu não quero mais viver com você - Me apressei a dizer.
- Não aceito, não aceito que você me chute para fora da sua vida - A voz do homem era firme, mas não tinha nenhum sentimento aparente.
- Kiyo, seu sentimento por mim não existe mais.. Vá ficar com a Sakura, não existe nada que nós prenda - Tentei explicar.
- Não vou te deixar, você vai ficar comigo e não estou te dando outra opção. Esqueça essa menina - Ele disse irritado.

Rapidamente me afastei fui ao guarda-roupa e arranquei todas as roupas dele jogando no chão, ele me segurou na cintura apertando com força pedindo para que eu parasse.

- Por favor, ayu, estou implorando! Não me mande sair da sua vida - A voz dele estava triste.
- Não quero mais você Kiyo! - Estava descontrolada, não parecia me importar com as lágrimas dele.
- Mas eu quero você - Ele disse baixo escorregando no meu corpo e segurando em minhas pernas.
- Tenha pena de você mesmo, não se humilhe por alguém como eu... E Kiyo se continuar com você, vou fazer o mesmo, vou te trair, farei isso na cama que você dorme comigo, é isso que você quer? - A crueldade fazia parte de mim dizendo aquilo tão naturalmente.
- Eu não me importo, só não posso te deixar. - Kiyo falava se contendo para não chorar.

A minha irritação acabou estourando, certamente ele não estava me levando a sério, mas eu estava e sem piedade fiz questão que ele soubesse da minha traição. 

A magoa que causei nele de fato foi muito maior do que a quele ele me dava, tanto que Kiyo por vontade própria me deixou em paz na semana seguinte, a ação de descarte me fez lembrar de quando eu era abandonada, me senti um pouco culpada por não me segurar, mas achava que a única maneira de terminar e fazer alguém me esquecer era ferindo seus sentimento.

Também estava farta das juras de amor que terminavam em traição, mas sei que a culpa não foi dele, a responsabilidade era minha porque eu o fiz ser vazio com a minha falta de afeto verdadeiro.

Kiyo se foi e mais uma etapa se concluí, então achava que mais uma vez  estava na hora de voltava para minha vida vazia de papel adesivo, onde podia ser usada e descartada, mas me sentiria mais confortável por não estragar a vida de ninguém.

Não me prender, agora era a regra!

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