domingo, 16 de março de 2014

Capítulo 2 - Beijo

Não lembro quanto tempo já estava na casa de Mike, porque o clima era tão envolvente ao olhar para ele que esquecia completamente o significado da noção espaço e tempo. Aquele sujeito estava mexendo no cabelo de um jeito tão charmoso que parecia estar atuando em uma cena de dorama com uma atriz famosa. O problema era que não me encaixava no papel de uma atriz.

À medida em que os minutos se passavam, parecia que nosso contato se tornava cada vez mais visual, e eu tenho que admitir: Tinha uma queda fatal por aquele homem na minha frente. Não apenas por achá-lo atraente fisicamente, mas pelo fato de ter um jeito de falar que me deixava comovida e encantada. Nunca tinha me aproximado de um homem antes de uma forma íntima, só que aquele tempo ao lado de Mike estava me fazendo sentir coisas que antes preferia simplesmente ignorar.

Me lembro que quando era mais nova, durante uma brincadeira de linha do tempo escrevi na minha cápsula que iria me casar com o Mike, então quando crescemos ele conheceu a Arisa e na minha cabeça acho que foi exatamente isso que me fez classificar aquilo somente como uma ilusão adolescente. Só que naquela noite as coisas estavam diferentes, me sentia fraca, temerosa, nem sabia o motivo de estar daquela maneira. Frases surgiam na minha mente como ondas balançando um pequeno barco em meio à tempestade, depois de muito refletir, a ficha caiu. Eu realmente me sentia atraída por aquele homem, e nesse momento o maior erro da minha vida escapou pelos meus lábios.

-Mike, nós dois somos primos... Eu tenho me esforçado para ignorar os pensamentos que me fazem esquecer deste detalhe, embora saiba que é quase que inútil para mim mesma...- Comentei sentindo que minhas mãos estavam ficando frias pelo nervosismo.
-Não entendi, pode ser mais clara comigo, Ayu?- Ele usou um tom de neutralidade, parecendo tão frio que senti suas palavras como um soco na boca do meu estômago.
-Eu quero dizer que... É... É.... - Fiquei tão nervosa que a frase virou algo indecifrável e travado.
-É?! - Ele continuou a me indagar.
-É... Que me sinto muito atraída por você e sempre te vi mais que um primo na minha vida. Só que por causa da Arisa tentei trancar esse sentimento, imaginei que se tratava de uma peça da minha própria cabeça, mas hoje desde que você me ligou algo em mim estava diferente do que costuma ser... Não posso explicar muito bem, eu.... - A minha voz estava tremulando inocentemente e enquanto falava aquilo ele foi tornando a distância menor. Vê-lo contra mim me deixou ainda mais desesperada.

Sem que pudesse terminar o que estava dizendo, Mike pousou o indicador em meus lábios como se solicitasse meu silêncio.

-Eu sempre te achei uma garota interessante também, Ayu.
confesso que desde o momento que te liguei a minha intenção era ficar do seu lado, porque você é a única pessoa em quem confio plenamente. Você não precisa se reprimir... Garotinha boba... Sabe o quanto te observei nesse meio tempo? - A voz dele estava diferente, algo em mim dizia que aquilo era perigoso.
Será que ele era o Mike mesmo? O cara legal, que depois se tornou frio e agora estava falando aquilo para mim como um absurdo segredo insano.
-Mike... - Tentei dizer quando ele me olhou.
O problema era que já estava tomada por um sentimento que não sabia identificar.

Ele se aproximou de mim novamente, a minha percepção estava enfraquecida, diria que até mesmo deturpada por aquele homem que para mim lembrava um baú trancado, onde não se conhece o conteúdo em seu interior. Ele acariciava o meu rosto deixando meu coração ainda mais acelerado como se fosse pular do peito, a sensação era estranha e tinha inúmeras coisas na minha cabeça naquele momento, mas a principal...

-Você está dizendo que me ama?... Por quê?- Curiosamente falei, mas a resposta não chegava, apenas a face dele se aproximava.
-Você é espontânea e inocente, o que mais poderia querer?- Essa foi a resposta que chegou depois de um imenso intervalo. Aquilo soou como algo romântico a princípio, e deixei que ele continuasse seu solo.
-Ayu?! Já beijou algum homem na sua vida?- Ele sorrio como se estivesse me provocando, e apenas pude sentir suas mãos passando perigosamente em torno das minhas costas com certa pressão, ligeiramente subindo pela minha nuca antes que pudesse dizer alguma coisa.

A minha resposta seria "Sim" se ele tivesse me deixado falar. Nunca admitiria que era o meu primeiro beijo, afinal de contas que tipo de mulher eu seria? Só que ele me conhecia bem demais: Nunca estava acompanhada por homens exceto a trabalhos; além disso, todas as pessoas que havia paquerado nunca saíram de uma troca de olhares tímidos.

Sim, eu sempre fui tímida para me aproximar de qualquer homem, e somente me aproximava do Mike porque ele era meu primo.


Mas não importa.

Aquele homem tinha cruzado todas as linhas, e simplesmente me impulsionou para ele roubando de minha boca a pureza que havia guardado por tantos anos.

Não foi um beijo calmo como tinha imaginado, tanto que a língua rastejou sobre a cavidade em fração de segundo após o choque entre nossos lábios. Ele me dominou e eu nem sabia o que fazer com a boca, o que dirá o que fazer com uma língua. Embora realmente tivesse sentimentos por ele, o primeiro impacto foi muito estranho e não conseguia sentir o gosto naquela luta entre nosso músculos de imediato.

O beijo se prolongou e então finalmente encontrei o ritmo certo das investidas de Mike.

Aquilo o animou tanto que as mãos desceram pelo meu corpo e, quando dei por mim, ele já estava tocando as minhas coxas, apertando, sussurrando palavras bonitinhas do jeito que as mulheres gostam, e o meu maior erro seria cair nelas.

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